sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Inea vai verificar denúncia de aterramento do rio Santo Antônio

Inea vai verificar denúncia de aterramento do rio Santo Antônio
 Construção que não tem placas de identificação e nem de licenças ambientais, possivelmente é irregular.
Na manhã de ontem (8), o Diário esteve no condomínio em Itaipava, de onde é possível visualizar a obra de aterramento do Rio Santo Antônio. Em uma conversa com moradores e a administração do empreendimento, foi demonstrada a insatisfação e temerosidade diante do aterramento do leito, já que o conjunto habitacional foi diretamente afetado em 2011, quando as chuvas que atingiram a região e ocasionaram danos que até hoje estão sendo reparados.
Chegando à Estrada Philúvio Cerqueira Rodrigues, que dá acesso ao município de Teresópolis, pode ser observado que a rodovia federal é ladeada por muitos terrenos. O denunciado fica na altura do km 3,5, em frente ao número 3.800. No trecho, existe apenas um acesso com portão. Apesar disso, nenhuma placa de identificação e nem mesmo os containeres, caminhões e carros que estão no interior ficam visíveis. Nossa equipe tentou entrar no local, mas não foi possível. Não havia ninguém na obra e tudo estava parado.

Do outro lado do Rio
No condomínio a administração logo recebeu a equipe do Diário. Percorrendo as ruas dos mais de 400 mil m², já e possível ver do outro lado da cerca o aterro do rio.
– Esse aterramento teve início em janeiro, quando procuramos o Instituto Nacional do Ambiente (Inea) e denunciamos o desmatamento que era feito no trecho. Em fevereiro a segunda denúncia foi feita e a fiscalização esteve aqui – disse o administrador do condomínio.
A rotina de entrada e saída de caminhões é frequente. Durante dias de semana, acontecem entre às 7h até às 8h. Já aos sábados, tem início às 7h e se estende até às 12h. – Março e abril também foram realizadas atividades e novamente fiscais estiveram aqui. Aos finais de semana é frequente a entrada e saída de caminhões. Olhando as fotos é possível ver quando começou o aterro e como se encontra atualmente – informou o administrador.
Um documento protocolado foi feito pela administração do condomínio e pelos moradores, que denuncia a prática. Eles garantem que as irregularidades podem afetar as construções legalizadas. No último contato com o Inea, os fiscais afirmaram que um posicionamento seria dado aos moradores no fim deste mês.

Moradores insatisfeitos
No empreendimento existem 63 residências. Um dos habitantes, que preferiu não se identificar e presencia o aterramento do rio, está temeroso com os danos e riscos que isso se propõe. Ele se lembra do início, quando o terreno era apenas de mata virgem e aos poucos foi tomado por caminhões de terra e detritos, além de veículos e outros.
– Se qualquer pessoa pegar uma foto de como era esta área há 34 anos, vai ver que só havia mato às margens do condomínio. As irregularidades tomaram conta desta região. Esta rodovia se tornou um local super perigoso, pois não existe calçamento, devido aos terrenos invadidos e casas construídas na beira da rua. Neste local, não existe placa com informações e tudo está sendo feito de qualquer maneira – disse.
Ainda segundo morador, após a fiscalização a obra ficou parada por dois meses. Apesar disso, no início de setembro voltou a todo vapor.
– Achei que o aterro do rio tivesse parado nos últimos meses. Por um bom tempo não ouvi o barulho dos caminhões entrando, descarregando e em seguida do trator espalhando os dejetos. Houve um desses dias que foram no mínimo umas 50 vezes – contou.
Problemas que o aterramento pode ocasionar
Durante as chuvas do ano de 2011, quando a região foi totalmente afetada pelo dilúvio, o condomínio passou por diversos problemas. A água invadiu as ruas do empreendimento, chegou às casas grande parte. Não houve vítimas fatais. Mesmo assim, para evitar novos problemas, os moradores e os representantes do condomínio acreditam que o embargo do aterro é necessário.
– A casa que morava foi interditada e não está liberada até hoje devido aquela ocasião. A vida é mais importante, mas o prejuízo foi enorme quando nos lembramos da chuva de 2011. O aterramento do rio faz com que o leito fique mais exposto e propenso à encher. Para se ter ideia, houve casas que ficaram com 1,8 metros submersas ao “tsunami” - garantiu o administrador.
Um morador vai além e cita a possível ilegalidade da obra, como ponto a pé para outros problemas.
– Não sabemos a procedência dos veículos que estão estacionados no interior do terreno. Podem ser fruto de crimes. Aqueles containeres não temos a mínima noção da procedência. Vários objetos com água parada que podem gerar dengue. Espero que o mais rápido possível sejam tomadas providencias – disse o morador.
A Superintendência Regional Piabanha do Instituto Estadual do Ambiente (SUPPIB/Inea) informou apenas que fará uma vistoria no local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário