RIO - Uma ordem judicial recebida ontem pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) suspendeu pela segunda vez as obras de dragagem e alargamento da foz do Rio Santo Antônio, no encontro com o Rio Piabanha, em Petrópolis. A interdição foi pedida por Afonso Henriques Ferreira Alves de Aguiar, proprietário de cinco imóveis situados entre os números 12.077 a 12.089 da Estrada União Indústria, às margens do rio.Segundo a presidente do Inea, Marilene Ramos, as obras fazem parte do conjunto de medidas necessárias para a prevenção de tragédias como a que ocorreu no ano passado, quando 39 pessoas morreram na região, durante as enchentes da Região Serrana. Já os donos do terreno alegam que é o estado quem está sendo arbitrário e truculento. Representante legal do proprietário, Maria de Lourdes Schimitz diz que os técnicos do Inea querem impor um projeto que é prejudicial aos moradores locais.
— Em 2008 eles fizeram obras para construir um parque fluvial que alteraram o curso do rio. Agora, querem avançar sobre os nossos terrenos sem qualquer negociação, sem respeitar nosso direito de propriedade. Só recebi um aviso que iriam entrar. Tive que recorrer à Justiça.
Marilena, no entanto diz que a intransigência está vindo do lado dos proprietários. Ela reclamou também da “insensibilidade” da Justiça que, para proteger o direito individual, não estaria levando em conta o interesse coletivo.
— Os proprietários estão sendo intransigentes. Eles já haviam conseguido uma liminar na Justiça de Petrópolis, que foi derrubada. Agora, conseguiram uma nova medida, desta vez no Tribunal de Justiça do Rio. Somos extremamente cobrados para fazer as obras e melhorar a segurança da população ribeirinha, mas fatores como estes atrasam o processo — afirmou a presidente do Inea.
Segundo Marilene, pelo menos 30 mil pessoas moram na região, uma das mais afetadas na tragédia de janeiro de 2011. Ela rebate ainda a acusação de que o estado não quer negociar:
— Tentamos inúmeras vezes fazer o cadastramento das propriedades para dar início ao processo de desapropriação, mas eles não receberam nossos assistentes e entraram na Justiça.
Segundo o Inea, enquanto o estado conseguiu realocar 2.500 famílias que estavam em áreas de risco na Baixada Fluminense, na Região Serrana a dificuldade para realizar obras de prevenção se deve à resistência das pessoas que vivem às margens dos rios.
— Em Teresópolis, por exemplo, um juiz determinou valor absurdo de R$ 13, 5 milhões para desapropriação de um terreno. Por isto ,o processo está paralisado— concluiu Marilena.
Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/rio/dragagem-em-rio-de-petropolis-embargada-pelo-tj-5147043#ixzz1xIO5zVgY
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.