quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Pedro do Rio: famílias ficam em áreas de risco




Foto: Aline Rickly






















Dois anos após a tragédia da Região Serrana em que centenas de casas foram destruídas e interditadas, duas famílias de Pedro do Rio, que tiveram suas residências condenadas, ainda não conseguiram o benefício do aluguel social. Durante todo esse período, elas cobram uma posição da Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setrac). Na semana passada, foram informadas de que não vão receber o benefício. Atualmente, 500 famílias petropolitanas recebem o benefício proveniente da parceria entre a prefeitura e o governo federal, 876 pela parceria com o governo do estado e 426 famílias recebem o benefício pago somente pela prefeitura.
Rejane Miranda Natalino, de 31 anos, mora com os dois filhos (um menino de nove anos e uma menina de 5 anos) e o marido, às margens da BR-040, na altura do Km 54. Em 2011, uma barreira caiu e atingiu um dos cômodos da casa, onde fica a cozinha. “Na ocasião, a Defesa Civil pediu para que procurássemos a casa de parentes ou amigos. Disseram que, se chovesse forte de novo, ia cair mais terra e poderia chegar até meu quarto”, relatou ela, destacando que o laudo da interdição só foi expedido um ano depois da queda da barreira, em 3 de janeiro de 2012. Segundo ela, a justificativa era que havia muitas ocorrências e não tinha como uma equipe comparecer ao local. 
Rejane contou que os filhos dormem no mesmo quarto que ela e o marido, pois é o cômodo mais distante da barreira. “Mas fomos alertados pela própria Defesa Civil que, se cair de novo, pode chegar até o quarto. Além disso, me chamaram atenção dizendo que o chão é de saibro e pode desmoronar a qualquer momento”, contou. Quando chove, a família inteira fica nervosa com receio de que algo pior aconteça. “Na madrugada de segunda-feira, quando ventou muito, não dormimos, porque ficamos com medo de vir um temporal e derrubar tudo”. Todos os meses, Rejane liga várias vezes para a Setrac, em busca de alguma novidade sobre o benefício. “Queremos ir morar em um local seguro, mas sem o aluguel social não temos condições”, afirmou ela, ressaltando que apenas o marido trabalha em casa, fazendo biscates em obras.  Além dessa questão, Rejane sofre também com os boatos de que a Concer vai desapropriar a área e tirar os moradores do local. “Por enquanto, só ouvi dizer, não recebi nenhuma notificação oficial”, revelou. 
Eliana Silva Ramos, de 29 anos, morava na Rua Eugênio Zanata, também em Pedro do Rio, quando uma pedra e uma barreira deslizaram e atingiram o quarto onde ela dormia com o filho, em dezembro de 2010. “Eu senti um tremor e meu marido gritou dizendo para eu correr. Peguei meu filho e fomos para casa da minha mãe, onde estamos até hoje. Em casa, não tem como ficar, porque há risco de acontecer outro deslizamento. Na chuva da semana passada, uma pedra rolou e atingiu a parede do meu banheiro”, contou. Eliana disse que um profissional da Setrac estava acompanhando todo o caso, desde o início, mas que ele não está mais na prefeitura e os atendentes não encontram o cadastro dela. “Quando ele trabalhava lá, sempre mostrava o lugar que estávamos na fila de espera no computador. Da última vez que pedi para ver, me disseram que não era possível. Sem contar as inúmeras vezes que me desloquei de casa, paguei passagem e quando cheguei no Centro de Cidadania em Itaipava afirmaram que o sistema estava fora do ar”, comentou.
Aline Rickly
Redação Tribuna

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