quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ampla teve prejuízo de R$ 25 milhões com os temporais na Região Serrana

Durante a reunião do Comitê de Ações Emergenciais, realizada ontem na subprefeitura, em Itaipava, foi apresentado um balanço das ações realizadas nesses 100 dias após a tragédia do dia 12 de janeiro. Entre os números apresentados, os que mais chamam atenção são os prejuízos contabilizados pela concessionária de energia Ampla. De acordo com o representante da entidade, Sérgio Carvalho, a empresa teve uma perda de R$ 25 milhões com as chuvas. “Redes inteiras de energia sumiram. As perdas foram consideráveis”, lamentou.
Além de Petrópolis, as cidades de Areal, São José do Vale do Rio Preto e a área rural de Nova Friburgo são atendidas pela Ampla. O balanço apresentado pela empresa é referente aos quatro municípios. De acordo com os números, foram perdidos 352 mil metros de fios, 352 quilômetros de rede sumiram, 1050 postes e 155 transformadores foram danificados. A empresa perdeu também quatro mil unidades consumidoras e um torre de transmissão no Vale do Cuiabá foi perdida. “Apesar de todas as dificuldades, nós conseguimos em pouco tempo restabelecer a energia em vários pontos atingidos pelo temporal. Criamos uma força tarefa com mais de 500 homens para atender a todas as demandas”, ressaltou Sérgio. Ao todo, 106 mil consumidores ficaram sem energia.
Outros dados que também impressionaram foram os apresentados pelo presidente da Comdep, Anderson Juliano. De acordo com ele, entre os dias 12 de janeiro e 15 de abril, foram realizadas 17.800 viagens de caminhão, contabilizando 380 mil metros cúbicos de detritos. Ao todo, foram usados 120 veículos e 70 máquinas. “Foi uma tragédia sem precedentes. Todos os números são grandiosos e impressionam”, frisou. Segundo Juliano, algumas máquinas, equipamentos e caminhões cedidos pelo governo do estado estão sendo devolvidos. “Ainda estamos realizando ações no Vale do Cuiabá, mas não precisamos mais de tantos caminhões e máquinas. Está sendo feito um levantamento e alguns serão devolvidos. O importante é que todas as vias e acessos já estão liberados”, enfatizou.
A Defesa Civil também apresentou um balanço dos 100 dias após a tragédia. De acordo com o coordenador do órgão, coronel De Paula, 2445 vistorias foram feitas e 912 laudos já foram entregues. Desse total, ainda não existem números exatos de quantas moradias serão demolidas, estima-se que até o momento 29 casas já foram condenadas pela DC. Segundo o coordenador do Comitê de Ações Emergenciais, Luiz Eduardo Peixoto, o município está aguardando a finalização das vistorias que estão sendo realizadas pelo Instituto Estadual de Ambiente (Inea) para definir quais residências serão demolidas. “A princípio, apenas as casas marcadas inicialmente pela Defesa Civil serão demolidas. O Inea está realizando vistorias em toda a região e os números oficiais só serão divulgados após a conclusão deste trabalho”, explicou. O estudo realizado feito pelo Inea leva em conta as construções dentro da faixa marginal de 30 metros do leito do rio. Acredita-se que todas as residências que estiveram dentro deste limite deverão ser demolidas.
O comitê também apresentou os números das famílias assistidas. Ao todo, são 2044 pessoas recebendo algum tipo de assistência da Prefeitura. Existem também 890 famílias cadastradas no Programa do Aluguel Social do Estado. Segundo Peixoto, a intenção é assentar essas famílias até junho do ano que vem. “Serão construídas 1500 casas para atender as vítimas das chuvas e famílias que estão incluídas no Aluguel Social”, disse.
Todos os dados apresentados durante a reunião farão parte do Plano de Contingência que auxiliará as ações de prevenção e atuação em situações de emergências. De acordo com Peixoto, todos as entidades que fazem parte do comitê deverão entregar até dia seis de maio todos números, dados, fotos, filmagens, gastos e ações feitas durante esses três meses.



Comunicação com rádios para avisos
O Comitê de Ações Emergenciais entregou aos seus integrantes equipamentos de comunicação que farão parte do Sistema Municipal de Comunicação para Emergências. Ao todo, foram gastos R$ 105 mil com os rádios e repetidores. Segundo o coordenador do comitê, Luiz Eduardo Peixoto, os equipamentos fazem parte da primeira aquisição do município para a implementação do sistema. “Percebemos que a comunicação foi um dos principais problemas enfrentados pela equipe durante as ações no Vale do Cuiabá. Nós atuamos em áreas totalmente isoladas e a falta de rádios transmissores causou atrasos na ajuda as vítimas”, ressaltou.
A entrega dos equipamentos aconteceu durante a reunião semanal do Comitê de Ações Emergenciais, realizada no subprefeitura, em Itaipava. Vinte órgãos municipais e privados fazem parte do comitê. Entre eles, a Águas do Imperador, ROER, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Inea/Rebio Araras, Oi, Ampla, Comando da Paz, Conselho Regional de Psicologia do Estado do Rio de Janeiro, Comdep, CPTrans, Exército e Guarda Municipal, além das secretarias municipais de Planejamento, Saúde, Habitação, Meio Ambiente, Obras, Segurança e Assistência Social.
Para o presidente da Comdep, Anderson Juliano, a falta de comunicação entre as equipes de resgate, salvamento, limpeza e assistência social prejudicou os trabalhos. “Trabalhamos em áreas onde não havia nenhum meio de comunicação. Quando nossos caminhões iam para as partes mais altas, não tínhamos como saber qual era a situação, se estavam precisando de algo, que tipo de ajuda estavam precisando”, lembrou. Fábio Holz, integrante do ROER, ressaltou que é preciso instituir também rádios nas sedes das secretarias e se prontificou a treinar os integrantes do Comitê para o uso dos novos equipamentos. “A criação de um sistema de comunicação é fundamental. Tivemos muitas dificuldades durante as ações no Vale do Cuiabá”, disse.
Além dos equipamentos entregues ontem, também serão instalados rádios nas viaturas da secretarias municipais e serão criadas mais canais de rádio que atenda a todo o município. “Temos hoje apenas um canal e vimos que isso não funciona. Nossa intenção é que esse sistema esteja funcionando em breve e que no próximo verão estejamos mais preparados para as situações de emergência”, ressaltou Peixoto. Durante a reunião, também ficou acertada a realização de uma campanha de prevenção a queimadas. De acordo com o representante do Rebio Araras/Inea, Márcio Ferreira, boa parte dos deslizamentos acontece em locais onde há falta de vegetação. “Precisamos começar agora os trabalhos de prevenção para evitar novas tragédias no ano que vem. Evitar as queimadas, conscientizar a população dos riscos que essa prática causa ao meio ambiente é essencial”, frisou. Márcio solicitou que a campanha seja veiculada em locais onde há uma maior concentração de pessoas, como os terminais de ônibus, e que as contas de energia elétrica e água contenham informações sobre os riscos das queimadas.

JANAINA DO CARMO
Redação Tribuna

Nenhum comentário:

Postar um comentário