segunda-feira, 4 de abril de 2011

Estudo sugere que tragédia foi provocada por desmatamentos


Com uma experiência de quase 30 anos no estudo do impacto das chuvas sobre Petrópolis, o engenheiro agrônomo Rolf Dieringer afirma que a tragédia que deixou 72 mortos e mais de 40 desaparecidos na região do Vale do Cuiabá foi potencializada por desmatamentos que vinham sendo feitos na região ao longo dos anos. Na avaliação do engenheiro, somente a recomposição ambiental da área poderá evitar que novas tragédias ocorram na região. “A região foi de fato atingida por uma forte chuva, mas não foi uma tempestade de densidade excepcional. O que houve de excepcional ali foram os desmatamentos e a degradação que aconteceu naquela área. Estamos certos de que tudo que aconteceu lá foi consequência da degradação ambiental. Não existe essa história de que a região foi atingida por um fenômeno natural que acontece há cada 500 anos. Foi uma chuva forte, algo que ocorre com um período de recorrência entre cinco e 20 anos, mas tudo isso foi agravado pela degradação do solo provocada pelos desmatamentos, por incêndios que atingiram a região no ano passado”, avalia Rolf Dieringer, que apresentou o resultado dos seus estudos a vereadores que trabalham na CPI das chuvas. Segundo o engenheiro, os desmatamentos provocaram o assoreamento do rio e deixaram o solo exposto e fragilizado, o que teria agravado a situação. “Sem as árvores, o impacto de uma chuva forte sobre o solo é muito maior e a terra acaba indo parar dentro dos rios, que ficam assoreados e enchem rapidamente. Posso afirmar que a origem de toda essa tragédia que assolou o Vale do Cuiabá foi consequência de um quadro de degradação ambiental, não de uma chuva exepcional. Muitas áreas foram desmatadas e deram lugar a pastos. O solo fragilizado pelos desmatamentos nas proximidades do leito dos rios fez com que as encostas descessem”, avalia. O engenheiro acompanha a situação das chuvas na cidade desde 1981 e alerta que somente ações de recuperação ambiental poderão evitar que novas tragédias aconteçam na região dos distritos. “Se não tivermos um movimento para reflorestar as áreas degradadas e para fazer a drenagem do solo nessas encostas, veremos os quadros de tragédia se repetirem de tempos em tempos. Há pouco mais de dois anos, a região dos distritos já havia sido duramente impactada por uma chuva forte. Naquela ocasião, milhares de reais em recursos foram investidos em obras como a contenção de encostas, mas isso na verdade é uma maquiagem, porque a ação é concentrada na consequência e não na causa do problema, que são os desmatamentos. É preciso que a vegetação das encostas seja recomposta, somente desta forma poderemos evitar que tragédias como esta se repitam”, alerta. JAQUELINE RIBEIRO Redação Tribuna

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