domingo, 28 de março de 2010

Promessa vaga de ressarcir prejuízo. E só

ROGERIO TOSTA
Redação Tribuna


O presidente da Ampla, Marcelo Llevenes, assumiu o compromisso de ressarcir todos os consumidores por prejuízos que tenham sido causados por quedas de energia nos últimos meses em Petrópolis. O anúncio foi feito durante a audiência pública, realizada na noite de sexta-feira, na Câmara Municipal, promovida pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com os dados da Ampla, somente neste mês a empresa terá que ressarcir cerca de 500 mil clientes, num total de R$ 3 milhões. O presidente da Ampla ficou de enviar para a Comissão da Alerj e para Câmara Municipal os dados sobre Petrópolis. Marcelo Llevenes disse que determinou à equipe da Ampla em Petrópolis que tome todas as medidas para agilizar o processo de ressarcimento, fazendo os acordos, mas frisou: “assumimos nossa culpa, mas vamos ressarcir aqueles que comprovadamente tiveram prejuízos causados pelos nossos equipamentos”.
Presidida pelo deputado estadual, Marcus Vinicius (PTB), juntamente com o deputado estadual, Rodrigo Neves, a audiência pública serviu para que representantes de alguns setores, como hotéis e pousadas, associações de moradores e outras entidades, se manifestassem, cobrando da Ampla medidas urgentes e imediatas para fim aos apagões.
Luciana Périco, presidente da Associação de Moradores do Alcobacinha, criticou a Ampla pela demora na troca de um transformador em sua comunidade que, na sua avaliação, está obsoleto e não atende mais a demanda. “São três anos pedindo a troca e até agora nada. Quando a Ampla erra ninguém cobra e não há providências, mas quando deixamos de pagar a conta de luz, a empresa não pergunta antes, não faz contato, simplesmente manda uma equipe, que não atende aos apelos do morador e corta a luz sem verificar se a pessoa tem alguém doente que precisa da energia para sua sobrevivência”.
O deputado Marcus Vinicius contou que na semana passada uma festa não aconteceu porque não havia energia elétrica. Falando como consumidor, criticou a Ampla e disse que os petropolitanos não suportam mais ficar sem energia. “A cidade tem um grande potencial turístico e vem sofrendo com apagões desde novembro, uma situação que não pode continuar”.
O presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Flávio Câmara, Carlos Eduardo, representando o Conselho Municipal de Meio Ambiente, e Farlem Macieira, da Associação Vale do Itamarati, foram unânimes nas críticas à empresa, pedindo que os serviços sejam melhorados. “Estamos cansados e esgotados. Fizemos investimentos para receber os turistas e muitos foram embora, pois não suportaram ficar numa cidade que vive com apagões”. Para ele, se a Ampla não realizar a melhoria definitiva na rede de abastecimento de energia, cada empresário vai entrar com uma ação individual contra a empresa cobrando na Justiça os prejuízos.
O coordenador do Indeccon, advogado Marcio Tesch, também participou do encontro e falou sobre os prejuízos que a empresa vem causando aos petropolitanos, avisando que já está tramitando na Justiça ação civil contra a Ampla e que qualquer cidadão pode fazer parte, caso queira acionar a empresa judicialmente. Dos 15 vereadores, apenas quatro participaram da audiência com a Ampla, sendo que apenas dois ficaram até o final do encontro.
O secretário de Obras, Stênio Nery dos Santos, representou o governo municipal na audiência, porém não apresentou a posição do governo sobre os apagões e não fez nenhuma cobrança, limitando-se a dizer que estava ali somente para ouvir. A posição do secretário, não agradou os representantes da sociedade civil que esperavam que o governo fosse cobrar da Ampla a conclusão das obras na Rua do Imperador e melhorias na rede de abastecimento em toda a cidade. Ao ser questionando sobre o pagamento de iluminação pública onde não tem, o secretário pediu que a pessoa entrasse com requerimento na Prefeitura, para que as medidas fossem tomadas, mas, lembrou que a pessoa vai entrar numa fila com mais de mil pedidos.
Ao final do encontro, ficou decidido criar uma comissão formada por representantes da sociedade civil, da Câmara Municipal, da Prefeitura e da Ampla, para discutir o problema e buscar uma solução, inclusive para os casos de ressarcimento. Além desta comissão, o deputado Rodrigo Neves disse que nesta segunda-feira, juntamente com o deputado Marcus Vinicius, vai protocolar na Comissão de Minas e Energia da Alerj ofício pedindo a instalação de uma subcomissão para acompanhar os investimentos da Ampla em Petrópolis.
Estes investimentos, segundo dados apresentados pelo presidente da empresa, Marcelo Llevenes, e pelos seus técnicos, será em torno de R$ 15 milhões. O plano de ação da empresa prevê 152 mil podas, substituição de rede em 40 quilômetros quadrados e a instalação de 30 equipamentos novos. Estes investimentos estão direcionados para o primeiro distrito e para toda região de Itaipava.




Inquérito no MPF já apura apagões


JAQUELINE RIBEIRO
Redação Tribuna


As interrupções no fornecimento de energia e falhas no atendimento aos clientes da concessionária de energia Ampla já são alvo de um Inquérito Civil Público instaurado em novembro do ano passado no Ministério Público Federal pelo procurador da República Charles Stevan da Mota Pessoa. O inquérito, instaurado em função dos problemas que os apagões vêm ocasionando à cidade, vai apurar eventuais deficiências no fornecimento e no serviço de distribuição de energia elétrica no Município de Petrópolis pela Concessionária Ampla, as constantes quedas de energia e interrupções no fornecimento.
O Ministério Público Federal apurou que nos últimos seis meses do ano passado foram registrados pela concessionária 58.706 atendimentos de emergência por falta de energia elétrica em Petrópolis. As informações prestadas pela Concessionária, em fevereiro deste ano, em resposta a um ofício do procurador Charles Stevan, mostram que o problema aumentou nos últimos meses de 2009, sendo o mês de dezembro o que concentrou os maiores problemas. No último mês do ano foram registrados 13.506 casos de emergência. Segundo informações prestadas pela empresa ao MPF, 40,3% destas interrupções foram relacionadas a quedas de árvores ou galhos sobre a fiação.
No inquérito, o procurador solicitou ao Procon de Petrópolis e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que os mesmos lhe enviassem dados sobre a quantidade de reclamações de Petrópolis formalizadas nos dois órgãos nos seis últimos meses do ano passado. Os números apresentados nos ofícios de resposta encaminhados pelos órgãos ao MPF mostram que apenas cerca de 1% da população busca os órgãos competentes para fazer suas reclamações. Enquanto a Ampla registrou 58.706 atendimentos em seis meses; na Aneel foram registrados apenas 58 reclamações, sendo 51 por interrupção no fornecimento de energia, e sete delas por variações e oscilação. Em janeiro deste ano, o Procon informou ter recebido em todo segundo semestre do ano passado apenas 16 reclamações sobre a concessionária Ampla, sendo todas elas referentes à discordância no valor de tarifas.
Já os dados fornecidos ao procurador pela Concessionária Ampla indicam o contrário. A comparação entre o número de atendimentos registrados pela Concessionária em julho do ano passado (8.841) e dezembro (13.506) comprova um aumento de mais de 50% nas reclamações à empresa. Em dezembro a Ampla registrou 4.665 atendimentos a mais do que em julho. Ainda segundo o levantamento, o mês de setembro foi o que teve menor número de problemas. Naquele mês a concessionária registrou 8.027 atendimentos de emergência.
Em resposta aos questionamentos do Ministério Público, a concessionária informou que em 2009 foram investidos R$ 5,2 milhões em serviços de manutenção e poda de árvores, em Petrópolis; e R$ 2,4 milhões em redes de energia com a substituição de condutores e cabos. A empresa informou, ainda, que no ano passado foram feitas em Petrópolis 29.040 podas de árvores, 278 postes foram substituídos, assim como 14,4 quilômetros de fios condutores e 505 substituições de estruturas. Naquela ocasião, a empresa informou ao MPF que para este ano estariam previstos investimentos de cerca de R$ 8 millhões na cidade, sendo R$ 4,7, em serviços de manutenção e podas e R$ 2,2 em substituições de redes.

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