domingo, 21 de março de 2010

UFRJ e Uerj têm interesse em Petrópolis

A instalação de campi universitários federais e estaduais em Petrópolis, uma antiga luta dos estudantes, depende exclusivamente da iniciativa política do governo municipal. Quem afirma são os coordenadores de campi da Uerj e da UFRJ. João Regazzi, coordenador de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Francisco Esteves, coordenador do Nupem-UFRJ, de Macaé, em entrevista à Tribuna de Petrópolis, afirmaram que as instituições têm interesse em instalar polos avançados e campi na cidade, mas que o primeiro passo deve ser dado pelas autoridades municipais. A questão é antiga na cidade. São mais de oito anos de reivindicações e promessas de políticos em períodos eleitorais. Em 2008, com a criação do projeto Reuni (Reestruturação das Universidades) um programa do governo federal voltado para a interiorização das unidades públicas de ensino, as esperanças reacenderam. De acordo com o presidente da Associação Petropolitana de Estudantes (Ape), Diego Vieira, no mesmo ano a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciou o processo de interiorização e Petrópolis chegou a ser cogitada para a instalação de um polo. “Foi a nossa melhor oportunidade. Mas a falta de interesse e incentivo do governo municipal fez com que perdêssemos esta chance. O polo foi instalado em Xerém e mais uma vez os estudantes petropolitanos foram prejudicados”, comentou.
O professor Francisco Esteves, coordenador do Nupem em Macaé (Núcleo de Pesquisas Ecológicas da UFRJ), desconhece qualquer interesse da Prefeitura Municipal em instalar um campus da UFRJ. Ele conta que a vontade política é o principal meio para a iniciação do projeto. “O Nupem, criado em 94, foi o primeiro passo para a criação de um campus avançado na cidade de Macaé. A realização de concursos para docente permitiu que os professores se fixassem na região. A área onde se situa a cidade tem se desenvolvido muito nos últimos anos e apresenta uma carência crescente de profissionais qualificados”, disse. O campus universitário em Macaé foi inaugurado em julho de 2007 e são oferecidos cursos de Ciências Biológicas, Química e Farmácia.
Segundo dados do Ministério da Educação, o primeiro relatório do Reuni, preparado pelos reitores das instituições federais, mostra que foram criadas mais de 77 mil vagas desde 2006. E, pela primeira vez, as universidades brasileiras conseguiram inverter uma tendência histórica e investiram no desenvolvimento dos cursos noturnos. Apenas no período em que o Reuni foi implantado, as vagas noturnas subiram 63%. Nas licenciaturas, outra área prioritária para o ministério, o acréscimo foi de 27%. Localidades como Xerém, Teresópolis, Nova Friburgo, Cordeiro, Cabo Frio, Queimados e, agora, Três Rios, entre outros, foram contempladas com polos avançados e campi universitários.
A interiorização dos cursos superiores é prevista na Constituição de 1988, mas, com o programa do governo federal, as instituições passaram a receber recursos específicos para isso. Um exemplo é a Universidade Federal Fluminense (UFF) que teve o orçamento aumentado em 50%, segundo informação do coordenador João Regazzi. “As faculdades federais recebem recursos especiais para a instalação de campi em cidades do interior. A UFF abriu 12 campi em todo o Estado no último ano”, comentou.
Diferente da situação das instituições federais, a UERJ não conta com orçamento extra para instalar polos e campi em outras cidades. João afirma que o apoio e interesse das prefeituras é de fundamental importância para iniciar o processo. Em 2008, uma outra oportunidade foi “desperdiçada” em nossa cidade. João Regazzi conta que reuniões com o antigo governo foram realizadas, mas com a mudança da administração as negociações não avançaram. “O primeiro passo para a instalação do campus é a procura do governo municipal. Quando isso acontece nós realizamos pesquisas na cidade interessada. Procuramos saber quais as potencialidades do município. Em seguida realizamos um estudo com os estudantes. Perguntamos a eles qual curso da UERJ eles gostariam que tivesse na cidade e se tivesse o curso se haveria interesse em estudar na entidade”, disse.
Todo esse primeiro processo foi realizado em Petrópolis e pesquisadores da universidade chegaram à conclusão que um curso de arquitetura, voltado para restauração e reformas de monumentos e prédios antigos seria o ideal para a cidade. “Estamos abertos a negociações. Petrópolis tem potencial para abrigar um campus da UERJ e queremos que isso aconteça”, concluiu João. Assim como o coordenador da universidade estadual, o professor da UFRJ também destacou o potencial do município. “É preciso que as autoridades liderem um movimento e iniciem o processo. Só assim será possível instalar campi em Petrópolis”, concluiu Francisco Esteves.

JANAINA DO CARMO
Redação Tribuna

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