sábado, 6 de julho de 2013

A Outer.Shoes cresce com sapatos sustentáveis


O carioca Breno Bulus, de 32 anos,  costuma visitar curtumes para negociar um dos principais insumos utilizados por sua empresa, a fabricante de calçados Outer. Shoes, do Rio de Janeiro.

Nessas ocasiões, ele faz buscas meticulosas por um tipo de matéria-prima muitas vezes deixado de lado pelos concorrentes — peças de couro marcadas por algumas imperfeições, como cortes provocados por cercas de arame farpado ou pequenas cicatrizes causadas por picadas de insetos.

“Esse material, muitas vezes desprezado por outros calçadistas, nos ajuda a dar um aspecto rústico às peças”, diz Bulus. “Essa é uma das principais características de nossos sapatos.”
No ano passado, as vendas desse tipo de calçado ajudaram a Outer.Shoes a faturar 20 milhões de reais, cerca de 20% mais que em 2011. Seus principais clientes são jovens de classe média dispostos a pagar em torno de 180 reais por um par de sapatos por causa do apelo sustentável de suas matérias-primas. 

Além do couro com imperfeições, que seria descartado ou então teria de passar por um intenso tratamento com produtos químicos corretivos para chegar ao mercado, as peças da marca utilizam outros insumos menos nobres em sua fabricação — como solas produzidas com sobras de borracha.

“A indústria de calçados em geral despreza esses materiais”, afirma Bulus. “Mas está surgindo no Brasil um bom mercado para produtos com aparência mais natural e cujo processo de fabricação seja menos agressivo ao meio ambiente.” 

Os calçados da Outer.Shoes foram inspirados em modelos que Bulus conheceu na Europa. “Eu comprava sempre que viajava de férias”, afirma. Em 2005, ele começou a perceber que havia uma oportunidade de negócios ao produzir sapatos parecidos no Brasil.

Na época, Bulus trabalhava como analista de sistemas numa multinacional. “Já havia juntado algum dinheiro e decidi investir numa marca de sapatos”, diz ele.

Uma das vantagens do negócio é que, por usar matérias-primas rústicas ou recicladas, os custos de produção acabam sendo menores que os de um sapato convencional. 

Desde o início, Bulus decidiu que seus modelos seriam vendidos em lojas próprias. A primeira unidade foi aberta ainda em 2005 num shopping na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Depois, Bulus resolveu testar a aceitação do produto em bairros sofisticados do Rio de Janeiro, como Ipanema e Leblon, por onde passam jovens descolados e turistas de várias regiões do país, para só depois iniciar a expansão por outras cidades fora do Rio de Janeiro. 

Há pouco mais de dois anos, Bulus passou a investir na expansão da marca para fora do Rio de Janeiro. Para manter os custos baixos e ampliar a clientela, ele decidiu crescer por meio da abertura de franquias. Hoje, todas as oitos unidades da marca são franqueadas — boa parte delas fica instalada em shopping centers do Rio de Janeiro, além de uma loja em Recife.

Faz parte dos planos da Outer.Shoes abrir 50 lojas nos próximos cinco anos, em capitais das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e no interior de São Paulo — destas, dez devem ser abertas até o final deste ano, em cidades como Brasília, Belo Horizonte e Salvador.

“A Outer. Shoes trabalha em um nicho de consumo ainda pouco explorado no Brasil”, diz Filomena Garcia, sócia da Franchise Store, consultoria especializada em varejo e marketing. “O fato de ainda ter poucos concorrentes pode ajudar a empresa a se esta­belecer nesse mercado.”

Fonte:

Carla Aranha
PME
04/07/2013

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