terça-feira, 19 de julho de 2011

Após denúncias de corrupção, governo bloqueia verbas para reconstrução de Teresópolis


A Sedec (Secretaria Nacional de Defesa Civil) bloqueou a verba disponibilizada pelo governo federal para as ações de socorro e assistência às vítimas da cidade de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A medida foi tomada diante de indício de uso irregular do dinheiro público repassado para a prefeitura, conforme constatado em relatório feito em conjunto com a CGU (Controladoria Geral da União). O relatório deve ser finalizado ainda esta semana, segundo a CGU.

Depois da tragédia das chuvas de 11 de janeiro, o Ministério de Integração Nacional definiu que Teresópolis receberia R$ 7 milhões. Agora, com as alegações de corrupção, o ministério notificou a prefeitura para que apresente sua defesa.

Se o município não justificar suas ações de forma convincente, a Sedec também adotará medidas para resgatar os valores gastos pela prefeitura de maneira irregular. A AGU (Advocacia-Geral da União) também pode ser envolvida para que seja realizada uma ação civil pública contra os envolvidos no esquema de corrupção. Até as 16h desta segunda-feira (18), a AGU não foi acionada pelo governo.

Segundo a Sedec, o ministério destinou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. O governo do Estado do Rio de Janeiro ficou com R$ 70 milhões, Petrópolis com R$ 7 milhões, Nova Friburgo com R$ 10 milhões, Sumidouro com R$ 1,5 milhão, Bom Jardim com R$ 1,5 milhão, São José do Vale do Rio Preto com R$ 1,5 milhão e Areal com R$ 1,5 milhão. Além disso, foi destinado ao Estado do Rio um total de R$ 80 milhões para reconstrução de pontes.
A Prefeitura de Teresópolis afirma que ainda não foram bloqueadas as contas e que também não recebeu nenhum relatório da CGU até esta segunda-feira (18). De acordo com a administração municipal, serão apresentados documentos para mostrar que nenhum centavo desta verba emergencial foi repassado para empresas de fachada.
Entenda o caso

Um forte temporal atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro entre a noite de 11 de janeiro e a manhã do dia seguinte. Choveu em 24 horas o esperado para o mês inteiro e o resultado foi a maior tragédia climática registrada no país, segundo especialistas de várias áreas.

Veja algumas fotos da tragédia

Deslizamentos de terra e enchentes mataram mais de 900 pessoas e deixaram quase 350 desaparecidas. Cerca de 30 mil sobreviventes ficaram desalojados ou desabrigados. Escolas, ginásios esportivos e igrejas viraram abrigos. Hospitais ficaram cheios de feridos na primeira semana. Cerca de 15 dias depois da catástrofe, doenças como leptospirose (provocada pelo contato com a urina de rato) começaram a assolar a população. Autoridades então passaram a monitorar casos confirmados e pacientes suspeitos, além de educar o povo em relação à prevenção.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal foram as mais afetadas e decretaram estado de calamidade pública. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos; estradas foram interditadas; pontes caíram e bairros ficaram isolados durante alguns dias.

As três esferas de governo se uniram para ajudar as vítimas e reconstruir as cidades. No dia 14 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. No dia 27 do mesmo mês, a presidente esteve no Rio e anunciou a entrega de 8.000 casas para desabrigados.

A ajuda também veio por meio de doações. Pessoas de diversos Estados e países se comoveram com a tragédia e enviaram principalmente dinheiro, roupas, alimentos, remédios, água e colchões.

Os animais que perderam seus donos e conseguiram sobreviver não foram esquecidos pela corrente de solidariedade. Entidades de defesa dos animais e pet shops organizaram feira de adoções. Centenas de cães e gatos ganharam novos lares e formou-se até fila de espera de pessoas interessadas em cuidar dos bichinhos.

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